Arquivo de Julho, 2011



Jean de La Fontaine

“Qualquer um de nós crê facilmente em tudo o que teme e em tudo o que deseja.”

Jean de La Fontaine

Jean de La Fontaine

Poeta e fabulista francês, de origem burguesa, estuda Teologia e Direito e acaba por assumir o trabalho paterno como inspector de águas e florestas. Priva com poetas e literatos como Racine, Molière, Boileau e outros.

Resgatando fábulas do grego Esopo (século VI a.C.) e do romano Fedro (século I d.C.), os seus textos não apresentam grande originalidade temática, mas recebem um tempero de fina ironia. O autor francês não só tornou mais actuais as fábulas de Esopo, como também criou as suas próprias como, “A cigarra e a formiga” e “A raposa e as uvas”.

A publicação da primeira coletânea de fábulas data de 1668. No prefácio dessa primeira coletânea, deixou bem claras as suas intenções na constituição dos textos: “Sirvo-me de animais para instruir os homens.”

Morre aos 73 anos, sendo considerado o pai da fábula moderna. Quando passam 390 anos do seu nascimento, relembramos Jean de La Fontaine.

Bibliografia de Jean de La Fontaine

Guerra Junqueiro

Carta a F.

Guerra Junqueiro

Guerra Junqueiro

«És tu quem me conduz, és tu quem me alumia,
Para mim não desponta a aurora, não é dia,
Se não vejo os dois sóis azuis do teu olhar.
Deixei-te há pouco mais dum mês, – mês secular
E nessa noite imensa, ah, digo-te a verdade,
Iluminou-me sempre o luar da saudade.
E nesses montes nus por onde eu tenho andado,
Trágicos vagalhões dum mar petrificado,
Sempre adiante de mim dentre a aridez selvagem,
Vi como um lírio branco erguer-se a tua imagem.
Nunca te abandonei! Nunca me abandonaste!
És o sol e eu a sombra. És a flor e eu a haste.
Na hora em que parti meu coração deixei-o
Na urna virginal desse divino seio,
E o teu sinto-o eu aqui a bater de mansinho
Dentro em meu peito, como uma rola em seu ninho!»

(Guerra Junqueiro, in ‘Poesias Dispersas’)

Homem de personalidade forte, perspicaz, alegre e com gosto pela vida, simples nos trajes, mas cuidadoso na aparência, com o seu bigode farto e olhar aquilino.

Influenciado por Baudelaire, Proudhon, Victor Hugo e Michelet, iniciou uma intensa escrita poética com o fim último de, pela crítica, renovar a sociedade portuguesa Fez parte do grupo “Vencidos da Vida”, em 1888. A esse grupo também pertenciam grandes nomes como Eça de Queirós e Oliveira Martins.

Detentor de um ‘tom panfletário’ na escrita, bem como de uma riqueza verbal que contribuiu para a renovação do verso português, foi considerado por muitos como ‘o primeiro poeta latino depois de Victor Hugo’.

Autor de uma vasta obra onde se incluem títulos tão conhecidos como, ‘Vozes sem Eco’ (1867), ‘Baptismo de Amor’, com prefácio de Camilo Castelo Branco (1868), ‘Victória da França’ (1870), ‘Espanha Livre’ (1873), ‘A Morte de D. João’ (1874), ‘A Velhice do Padre Eterno’ (1885), ‘Finis Patriae’, (1890), ‘A Pátria’ (1896), ‘Oração ao Pão’ (1902), ‘Oração à Luz’ (1903) e ‘Prosa dispersas’ (1920).

Quando passam 88 anos da sua morte, relembramos Guerra Junqueiro.

Bibliografia de Guerra Junqueiro

“Sonetos felizes” de Francisco Parreira

“Homenagem ao cante alentejano

Cantado nas ruas o cante tem raça
Marcando os passo todos os levantam
Nos ares nostálgicos divina graça
Abençoa as modas das vozes que cantam.

O ponto começa e a moda passa
Ao alto regendo os tons que encantam
A força do povo porque os abraça
Alegre cantar onde se agigantam.

As letras do cante hoje cancioneiros
Nos campos do tempo estão encantados
Porque lhe juntaram os sons dos mosteiros.

As roupas vestidas foram as usadas
Nos duros trabalhos por muito ceifeiros
Pastores e moirais com faces suadas.”

(Retirado do livro “Sonetos felizes”, de Francisco Parreira)

 

Recorrendo aos serviços de apoio à edição disponíveis no SitiodoLivro.pt, Francisco Parreira publica a sua segunda obra “Sonetos felizes”. Como o autor descreve, “Sonetos felizes” surge da seguinte forma: “É no Alentejo que o autor encontra a sua inspiração. Um sentimento inexplicável vindo da planície. Iluminado por um sol brilhante que me alimenta de palavras nos campos onde conjugo as sílabas e rimas. Componho as cores do verde da oliveira no vermelho da papoila e no amarelo do girassol. Sinto-me um português privilegiado ao ouvir o nascer do dia dos passarinhos e ao ver o pôr-do-sol, naquelas herdades porque só aqui é possível ao entardecer sentirmos as nossas raízes familiares.”

http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/sonetos-felizes/9789899666016/

“Ponto de luz” de Paula Neto

“Feels good. Soube-me bem o dia em que recuperei sem precisar de ajuda. Quando me desvaneci e depois empinei o nariz, levantei a cabeça e segui em frente. Na altura em que decidi que não precisava de ninguém. Também me sabe bem ser independente. Saber os meus quereres, conhecer os meus limites. Descobri coisas em mim que eu não sabia, emoções que eu não tinha. Tenho a memória recortada, quase perfeita. No final, isso tudo… será que soube assim tão bem?”

(in ‘Ponto de luz’, de Paula Neto)

“Ponto de luz” é um livro juvenil escrito para adolescentes. E quem melhor que escrever sobre a adolescência que uma adolescente? Paula Neto auto-publica, através do SitiodoLivro.pt e recorrendo aos nossos serviços editoriais, “Ponto de luz”. Um livro que aborda as alegrias, as tristezas, os amores e as experiências da turbulenta, movimentada, doce e alegre fase da adolescência. O leitor é a própria personagem e envolve-se nela… vive a história e quando volta, volta numa perspectiva, numa realidade e numa história diferente

http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/ponto-de-luz/9789892024738/

Tenzin Gyatso (Dalai Lama)

“Determinação, coragem e autoconfiança são factores decisivos para o sucesso. Não importa quais sejam os obstáculos e as dificuldades. Se estamos possuídos de uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.”

(Tenzin Gyatso, “O Livro de Dias”)

Tenzin Gyatso

Tenzin Gyatso

É o 14.º Dalai Lama e, ao mesmo tempo, líder temporal e espiritual do povo tibetano.

Com apenas 15 anos de idade, foi solicitado a assumir a completa responsabilidade política como chefe de estado e de governo, após a invasão chinesa do Tibete. Em 1954, foi a Beijing para conversações de paz com Mao Tsetung e outros lideres chineses, como Chou En-Lai e Deng Xiaoping. Mas, em 1959, sob a repressão das tropas chinesas, foi obrigado a abandonar o país e, desde então, vive exilado em Dharamsala, no norte da Índia.

Defensor incansável da não-violência, da tolerância, do diálogo e da preservação dos recursos naturais do planeta, visitou muitos países, defendendo a convivência harmoniosa entre os povos, as culturas, as religiões e a própria natureza. Os seus muitos livros representam uma contribuição significativa, não somente para o vasto corpo da literatura budista, mas também para o diálogo ecuménico entre as grandes religiões mundiais. E, em 1989, foi laureado com o Prémio Nobel da Paz.

Damos os parabéns a Tenzin Gyatso (Dalai Lama), no dia do seu 76.º aniversário.

Bibliografia de Tenzin Gyatso

Mia Couto

Fui Sabendo de Mim

«Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia

fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei

eu vi
a árvore morta
e soube que mentia»

(Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”)

Mia Couto

Mia Couto

É o mais galardoado escritor moçambicano. Tem as suas obras traduzidas para o alemão, francês, espanhol, catalão, inglês e italiano. Publicou 28 livros, traduzidos e distribuídos em 27 países.

Em 1998, foi eleito membro da Academia Brasileiras de Letras, sendo o único africano a integrar esta Academia.

O nome “Mia” é proveniente da sua paixão pelos gatos e pelo facto do seu irmão mais novo, em tempos de infância, não conseguir proferir o seu nome corretamente.

Em 1999, foi vencedor do prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da sua obra, um dos mais conceituados prémios literários portugueses que já premiou autores como Maria Velho da Costa, Maria Judite de Carvalho e Eduardo Lourenço, entre outros. Em 2001, recebeu também o Prémio Literário Mário António, que distingue obras e autores dos países africanos lusófonos e de Timor-Leste, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian por “O Último Voo do Flamingo” (2000).

Damos os parabéns a Mia Couto que celebra hoje o seu 56.º aniversário.

Bibliografia de Mia Couto

“O Último Oleiro” de Rómulo Duque

“Quanto mais sabemos, mais e melhor podemos observar e respeitar as tradições que nos levam pelos caminhos do Bem, da Verdade e da Beleza.”

(Rómulo Duque, autor do livro ‘O Último Oleiro’)

“O Último Oleiro” traz-nos à memória passagens do modo de vida das gentes do interior Norte de Portugal – uma região rica em tradições -, das artes e dos ofícios de que muitos dos habitantes se ocupavam, como o ferreiro, o ferrador o moleiro e o oleiro que, neste conto, é descrito através do testemunho de alguns jovens que acompanharam o terminar de uma geração de oleiros do Felgar.

Rómulo Duque apresenta-nos a sua primeira auto-publicação, através do SitiodoLivro.pt, “O Último Oleiro”. Uma narrativa onde o autor tenta trazer até aos dias de hoje as memórias e tempos passados, de forma a deixar, às novas e às velhas gerações, a simplicidade do viver das gentes transmontanas e o quanto duros eram os trabalhos nessa, mas também a outras profissões que envolviam a existência de uma peça de barro nem que fosse para poder encher de água na primeira fonte que se encontrava. O conto é também o registo da época em que foram produzidos os últimos trabalhos em barro moldados pelo último oleiro da freguesia, António Rebouta, tarefas em o autor participou e que decorreram durante alguns meses – desde o arrancar do barro ao tornear na roda, até à saída da fornada daquelas que seriam as últimas cântaras feitas em terras de pucareiros, moldadas pelo autor destas linhas e por António Rebouta, o último mestre na arte do barro em Felgar.

http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/o-ultimo-oleiro/9789899734104/

Adolfo Casais Monteiro

Aurora

«A poesia não é voz – é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho de cada um, expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho.
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:
vôo sem pássaro dentro.»

Adolfo Casais Monteiro

Adolfo Casais Monteiro

Poeta, ficcionista, crítico literário e ensaísta, foi ainda editor e tradutor (traduziu Baudelaire, Charlotte Bronte, Caldwell, Alexis Carrel, George Eliot, Hemingway, Philippe Hériat, Kierkegaard, Jules Lachelier, Robert Margerit, Stendhal, Tolstoi, Henri Troyat).

Na poesia foi, segundo Fernando J. B. Martinho “não só dos mais tocados pela sombra de Pessoa, como também um dos poucos que soube, na sua geração, assimilar e ampliar o vetor vanguardista do primeiro modernismo”.

Dois anos depois do seu falecimento, foi instituído, com o patrocínio da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Literário de Poesia Adolfo Casais Monteiro.

Quando passam 103 anos do seu nascimento, recordamos Adolfo Casais Monteiro.

Bibliografia de Adolfo Casais Monteiro

Reencontro de luz

“Através desta missão, vou guiar cada leitor em várias viagens ao seu mais profundo ser, com a finalidade de voltarem a identificar-vos com vós mesmos, como eram em crianças. Quando lá chegarem lá estarei à vossa espera, apenas alguns passos à vossa frente, para vos indicar o caminho de retorno em segurança à sociedade. Durante esta jornada reaprenderão a cuidar de vós próprios em Luz, voltando a reconhecer-vos, a ganhar auto-estima, autoconfiança e a servirem-se da intuição como um guia para tudo na vida. Cada um de vós passará a sentir-se mais consciente e desperto, levando-vos a voltar a sentir a realidade de tudo que existe no Cosmos, passando a sentirem todas as situações ou problemas de maneira diferente e inovadora, a enfrentá-los e solucioná-los, sejam eles sociais, físicos, mentais ou espirituais. E tudo isto a custo zero sem sair de dentro de cada um de vós. Experimentem e sentirão as diferenças nas vossas vidas. Obrigado.” (José Cruz, autor do livro ‘Reencontro de luz’)

José Cruz auto-publica, através do SitiodoLivro.pt e recorrendo aos nossos serviços editoriais, “Reencontro de Luz”. Um livro que, segundo o autor pretende ser um guia de apoio em terapias, curas, ajudas para um despertar espiritual, ou simplesmente, para o auto-desenvolvimento.

http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/reencontro-de-luz/9789899733602/

Joanne Harris

Joanne Harris

Joanne Harris

Filha de mãe francesa e pai inglês e, portanto, com uma educação bilingue, que a condicionou, a autora que hoje destacamos, no dia do seu 47.º aniversário, teve de esperar 10 anos após a publicação dos seus primeiros livros, para se tornar famosa, com o seu não menos famoso “Chocolate”, que, desde logo, conheceu um retumbante sucesso internacional, pelo qual foi nomeada para um Prémio Whitbread e que obteve uma versão cinematográfica, também muito popular, protagonizada por Juliette Binoche e Johnny Depp. Seguiram-se-lhe alguns outros grandes êxitos, tais como, “Cinco Quartos de Laranja”, “A Praia Roubada”, ou, o mais recente, “O Rapaz de Olhos Azuis”.

É também co-autora, junto com Fran Warde, de obras sobre gastronomia e culinária francesa.

Bibliografia de Joanne Harris

Wislawa Szymborska

Alguns gostam de poesia

“Alguns –
quer dizer que nem todos.
Nem sequer a maior parte mas sim uma minoria.
Não contando as escolas onde se tem que,
e quanto a poetas,
dessas pessoas, em mil, haverá duas.

Gostam –
mas gosta-se também de sopa de espaguete,
dos galanteios e da cor azul,
do velho cachecol,
brindar à nossa gente,
fazer festas ao cão.

De poesia –
mas que é isso a poesia?
Muitas e vacilantes respostas
já foram dadas à questão.
Por mim não sei e insisto que não sei
e esta insistência é corrimão que me salva.”

(Tradução de Júlio Sousa Gomes)

Wislawa Szymborska

Wislawa Szymborska

Ganhadora de inúmeros prémios literários, entre os quais se destacam o Goethe, em 1991, o Herder, em 1995 e, o de maior relevo, o Nobel da Literatura de 1996, destacou-se como poetisa com uma obra que tem como tema as vicissitudes da Polónia moderna.

Viveu primeiro debaixo da ocupação alemã, tendo tido que estudar clandestinamente e vindo a licenciar-se, já no pós-guerra, em Filologia Polaca e Sociologia. Depois, sob o regime comunista imposto pela União Soviética, viu a sua actividade literária condicionada, chegando mesmo a ter o seu primeiro livro censurado. Colaborou ainda em publicações periódicas polacas como editora de poesia e colunista e foi também tradutora de poesia francesa.

A sua extensa obra poética, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada pela Academia de Estocolmo como “uma poesia que, com precisão irónica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana», tendo sido a poetisa definida, ela própria, como “o Mozart da poesia”. Celebramos hoje esta autora polaca, no dia em que perfaz 88 anos.

Bibliografia de Wislawa Szymborska

Carlos de Oliveira

Acusam-me de Mágoa e Desalento

«Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.

A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.»

(Carlos de Oliveira, in ‘Mãe Pobre’)

Carlos de Oliveira

Carlos de Oliveira

É um dos grandes poetas deste século, combinando a preocupação de intervenção social (neo-realismo) com a reflexão sobre a escrita no próprio processo da sua produção, o que confere à sua obra grande densidade e agudeza nos efeitos diversificados da sua leitura.

Filho de pais portugueses emigrados no Brasil, tinha apenas dois anos quando a família regressou a Portugal, onde o seu pai exercerá Medicina.

Publicou poesia – “Mãe Pobre”, “Micropaisagem”, “Trabalho Poético e Pastoral”, entre outras obras – e romance – “Casa na Duna”, “Alcateia”, “Pequenos Burgueses”, “Uma Abelha na Chuva”, “Finisterra” e “O Aprendiz de Feiticeiro”.

Quando passam 30 anos da sua morte, recordamos Carlos de Oliveira.

Bibliografia de Carlos de Oliveira


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