“Acredito verdadeiramente que é possível criar, mesmo sem jamais ter escrito uma palavra ou pintando um quadro, apenas moldando a nossa vida interior. E isso também é uma proeza.”
Vítima do Holocausto nazi, devido à sua origem judia, trabalhou durante pouco mais de um ano como assistente voluntária no campo de trânsito holandês de Westerbork, onde ajudava e alentava todos aqueles com quem partilhava o sofrimento, até ser finalmente deportada para Auschwitz, em 1943, onde veio a falecer em Novembro desse ano, antes de cumprir 30 anos.
Em 9 de Março de 1941, escrevera a primeira entrada no primeiro dos oito cadernos de papel quadriculado que viriam a constituir o seu Diário, que se tornou um dos mais notáveis documentos surgidos daquele período horrendo e que resultaria de uma sugestão terapêutica de Julius Spier, psicoquirologista, seu companheiro e mentor. Nele encontramos as suas reflexões pessoais sobre a humanidade, a sua vida académica, o círculo de amigos e o seu testemunho da segunda Guerra Mundial em território holandês. “Um dos livros que mais me impressionaram na vida […]. Essa extraordinária rapariga de Amesterdão que, numa das horas mais sombrias do século XX, se oferece como voluntária para um campo de concentração, mostra-nos que é possível falar de Deus mesmo nos sítios mais dolorosos do mundo e mais recônditos da alma.” (José Tolentino Mendonça, ao jornal i)
Hoje, quando passam 98 anos do seu nascimento, relembrámos esta autora “assombrosamente contemporânea”.
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