Poema de Amor
«Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.…Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.»
Foi poeta do ”Novo Cancioneiro”, tendo, nos seus primeiros livros de ficção, partilhado das ideias do Neo-realismo. Mais tarde, enveredou por um caminho mais próprio. Foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, a que se ligou uma linguagem de grande carga poética. Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, memórias e impressões de viagem.
Quando passam 22 anos da sua morte, relembramos Fernando Namora.
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