O tempo passa? Não passa
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora.E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.
“Na sua poesia, caldeiam-se o sarcasmo, a ironia, o humor, mas há lirismo puro e profundo, a pesquisa do «sentimento do mundo», por vezes a revelação do seu mundo interior, do seu povo, da sua paisagem, atingindo a verdadeira serenidade e pureza clássicas em muitas composições. (…) Na prosa há humor e cepticismo, por vezes uma certa ironia e graça sem esconder a sua natural preocupação com o homem e com o autêntico.”
“Forte criador de imagens, a sua obra tematiza a vida e os acontecimentos do mundo a partir dos problemas pessoais, em versos que ora focalizam o indivíduo, a terra natal, a família e os amigos, ora os embates sociais, o questionamento da existência, e a própria poesia.” Hoje, no 108.º aniversário do seu nascimento, recordamos o escritor que produziu uma das obras mais significativas da poesia brasileira do século XX.
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