“Ao contrário do devedor privado, o soberano [o Estado] não arrisca quase nada quando não cumpre os seus compromissos; com efeito, enquanto um devedor privado que entre em falta pode ser privado de todos os seus bens, um devedor público que entre em falta não pode, de maneira geral, ser privado de nenhum dos seus bens fundamentais: nem do território, nem dos activos físicos, nem da liberdade, porque é o soberano. (…) Competirá então principalmente aos eleitores não permitirem que o poder soberano caia nas mãos daqueles que pensam e agem como se não tivessem de prestar contas dos seus actos às gerações futuras. (…) Com a crise global, descobre-se que a parte do mundo que era considerada rica está em dívida com a outra parte do mundo, a que era considerada pobre. (…) Os bancos ocidentais deixaram de estar em condições de emprestar dinheiro, porque também estes procuram intensamente reduzir as próprias dívidas; e os soberanos deixaram de estar em condições de agir, porque não podem aumentar as suas dívidas. O Ocidente transformou-se no fantasma de si próprio.”
Transcrevemos um excerto da introdução do último livro do autor que hoje destacamos, quando completa 67 anos. Conhecido economista, engenheiro e sociólogo francês, ex conselheiro presidencial e presidente do BERD, é famoso pelas suas crónicas e pelos seus livros controversos, desconcertantes e visionários, mas também pelos seus romances, biografias e, mesmo, livros infantis ou até como músico. Foi já considerado um dos pensadores mais influentes no mundo actual (Magazine Foreign Policy).
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