«O que precisamos de questionar são os tijolos, o cimento ou o vidro, as nossas maneiras, os utensílios e instrumentos, a maneira como gastamos o nosso tempo, os nossos ritmos. Questionar o que parece ter deixado em definitivo de nos surpreender. É verdade que vivemos, respiramos, andamos, sentamo-nos à mesa para comer, deitamo-nos numa cama para dormir. Como? Onde? Quando? Porquê? Descreva a sua rua, descreva outra e compare-as.»
Considerado como um dos mais importantes romancistas franceses do pós Segunda Guerra Mundial, “dono de uma prosa extremamente lúdica, que recorre à lógica e à matemática para lançar uma luz surpreendente sobre os detalhes mais repetitivos das sociedades de consumo”, tornou-se famoso logo com o seu primeiro livro, o romance “As Coisas”, ao ganhar, em 1965, o Prémio Renaudot. Logo em seguida, com a publicação de “Um homem que dorme”, foi convidado a participar no grupo de literatura experimental OuLiPo e, daí em diante, assinaria uma obra extensa, desde o relato autobiográfico, à poesia, do romance experimental, ao ensaio literário.
Nascido em Paris, a sua infância foi muito conturbada pela Guerra, pois os seus pais, judeus de origem polaca, morreram cedo, o pai na frente de batalha e a mãe deportada em Auschwitz, tendo sido acolhido e educado por uma tia paterna. Só em 1978, pelo êxito conseguido com o seu livro ”La Vie, mode d’emploi”, acabaria por conseguir dedicar-se em exclusivo à literatura, abandonando um antigo emprego de arquivista e tendo ainda realizado uma incursão no cinema, como produtor. Boa parte da sua obra vem a ser publicada apenas postumamente.
Georges Perec completaria hoje 75 anos.
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