Este Inferno de Amar
«Este inferno de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há-de ela apagar?Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… – foi um sonho –
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei…»
Escritor e dramaturgo romântico, foi o proponente da edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e da criação do Conservatório e um inovador da escrita e da composição literária do século XIX. Na conturbada vida política da primeira metade do século, distinguiu-se como jornalista, deputado e ministro.
Na sua actividade de dramaturgo, propõe-se criar um repertório dramático português. Como romancista, é considerado o criador da prosa moderna em Portugal e, na poesia, é dos primeiros a libertar-se dos cânones clássicos e a introduzir em Portugal a nova estética romântica. Quando perfazem 156 anos da sua morte, destacamos Almeida Garrett.
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