Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.– Eu faço versos como quem morre.
Foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Considerado o mais lírico dos poetas brasileiros, a sua poesia aborda temáticas quotidianas e universais.
O crítico da obra de Bandeira, Davi Arrigucci Jr. escreveu: “A poesia de Bandeira (…) tem início no momento em que sua vida, mal saída da adolescência, se quebra pela manifestação da tuberculose, doença então fatal. O rapaz que só fazia versos por divertimento ou brincadeira, de repente, diante do ócio obrigatório, do sentimento de vazio e tédio, começa a fazê-los por necessidade, por fatalidade, em resposta à circunstância terrível e inevitável”.
”Libertinagem” apresenta alguns poemas fundamentais para se entender a sua poesia: “Vou-me embora pra Pasárgada”, “Poética”, “Evocação do Recife”, entre outros. No mesmo livro começam a aparecer assuntos que se tornariam frequentes na sua poesia, entre eles, o amor, a lembrança de vultos familiares e da infância e o folclore.
Relembramos Manuel Bandeira, 42 anos após a sua morte.
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