Ser doido-alegre, que maior ventura!
Morrer vivendo p’ra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!Encara, rindo, a vida que o tortura,
Sem ver na esmola, a falsa caridade,
Que bem no fundo é só vaidade pura,
Se acaso houver pureza na vaidade.Já que não tenho, tal como preciso,
A felicidade que esse doido tem
De ver no purgatório um paraíso…Direi, ao contemplar o seu sorriso,
Ai quem me dera ser doido também
P’ra suportar melhor quem tem juízo
Poeta popular português, foi um grande cultor da quadra, que improvisava com grande facilidade e engenho. Famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, é também recordado por ter sido simples, humilde e semi-analfabeto e, ainda assim, ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX. Recordamos António Aleixo, 61 anos após a sua morte.
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