E tudo era possível
“Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lidoChegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecidoE tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizerSó sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer”
(Ruy Belo, in Homem de Palavra[s])
Destacamos hoje, no 78.º aniversário do seu nascimento, um escritor que viria a consagrar-se como um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Doutorado em Direito Canónico em Roma, a sua carreira na administração pública portuguesa foi interrompida, logo no seu início, devido à sua actividade oposicionista ao regime da época, tendo sido vigiado e condicionado.
Foi a sua experiência profissional como responsável editorial que o levou a iniciar-se na escrita poética, deixando-nos livros cuja temática se prende com o religioso e o metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. Veio a ser condecorado, em 1991, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
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