O Sonho
«Era um menino a sonhar
com um cavalo de cartão.
O menino abriu os olhos
e não viu o cavalinho.
Com um cavalinho branco
ele voltou a sonhar;
pelas crinas o prendia…
Assim não te escaparás!
Mal o conseguiu prender,
logo o menino acordou.
Tinha a sua mão fechada.
O cavalinho voou!
O menino ficou sério,
pensando não ser verdade
um cavalinho sonhado.
Já não voltou a sonhar.
E o menino fez-se moço
e o moço teve um amor,
e dizia à sua amada:
Tu és de verdade ou não?
Quando o moço se fez velho
pensava: Tudo é sonhar,
o cavalinho sonhado
e o cavalo de verdade.
E quando chegou a morte,
o velho ao seu coração
perguntava: Tu és sonho?
Quem saberá se acordou!»
(Traduçao de José Bento)
Poeta e prosista nascido em Sevilha, pertenceu ao movimento literário conhecido como “geração de 98″. Provavelmente, ainda é o poeta da sua época mais lido.
Morreu em 1939, refugiado num quarto de hotel, fugindo dos assassinos da polícia política franquista.
Relembramos Antonio Machado, o poeta de «O caminho faz-se caminhando», quando passam 72 anos da sua morte.
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