António Gedeão

Lágrima de preta

António Gedeão

António Gedeão

“Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio. 

(António Gedeão)

Pseudónimo de Rómulo de Carvalho, a sua vida profissional foi dedicada à investigação, à pedagogia e ao ensino das Ciências Físico-Químicas, nos vários liceus por onde passou, desde o Camões (Lisboa), ao D. João III (Coimbra), ou ao Pedro Nunes (Lisboa). “Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e coordenando obras no campo da história das ciências e das instituições.” Exigente e rigoroso, comunicador por excelência, mas discreto, calmo e algo distante, afirmava assertivamente que “ser Professor tem de ser uma paixão, pode ser uma paixão fria, mas tem de ser uma paixão, uma dedicação.”

Só em 1956, aos 50 anos de idade e após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, se revela como poeta, mas usando já o seu pseudónimo artístico e deixando no anonimato o professor. A originalidade da sua obra é difícil de catalogar e “as suas fontes de inspiração são heterogéneas e equilibradas de modo único pelo homem que, com rigor científico, nos comunica o sofrimento alheio, ou a constatação da solidão humana, muitas vezes com surpreendente ironia. Alguns dos seus textos poéticos foram aproveitados para músicas de intervenção”, como a inesquecível “Pedra Filosofal”, adoptada como hino à liberdade e ao sonho. (cit. de http://www.astormentas.com/)

Na data do seu 90.º aniversário, foi alvo de uma homenagem nacional, tendo sido condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada. Perfazem-se hoje 14 anos da sua morte, que deixou saudade em todos quantos o conheceram e assim o homenageamos.

Bibliografia de António Gedeão

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