“Não é difícil entender-se o que escrevo e porque escrevo. E também para quem escrevo. Daí o apontarem-me como um escritor comprometido. Nunca o neguei; é verdade. Mas também é verdade que todos os escritores o são.”
(do livro “FANGA“)
Celebra-se hoje o centenário do nascimento da figura maior da literatura neo-realista portuguesa, como romancista, dramaturgo e também ensaísta. Natural de Vila Franca de Xira, iniciou a sua vida profissional de forma errática, desempenhando diversas actividades, primeiro em Angola, onde conheceu a miséria e depois em Lisboa, acabando por aderir ao Partido Comunista e militar na resistência ao regime do Estado Novo, usando a sua escrita como forma de intervenção social e política. Foi vigiado e perseguido e chegou mesmo a ser detido por duas vezes, em 1944 e em 1961.
O seu estilo simples e romanesco valeu-lhe o êxito junto do grande público, mas o ataque impiedoso da crítica, o que o escritor corroborava pela despretensão e modéstia literárias que explicitamente assumia. Autor de uma vasta obra, começou a publicar muito jovem, ainda com 15 anos e, para além de conferências e artigos em jornais, escreveu romances, contos, peças de teatro e estudos de etnografia, tomando como motivos centrais os dramas humanos vividos na sociedade ribatejana e também na região duriense.
A ele se referiu Matilde Rosa Araújo dizendo: “Se me puder lembrar objectivamente de Redol, para além da memória que contorna a saudade de um amigo autêntico, terei a imagem de uma beleza exterior consonante com a interior, um destes recortes de vida que não se esquecem mais – não pelo pormenor, mas pelo todo que não se dissocia na força que dele emana.”
Nesta data, não poderíamos deixar de destacar este protagonista ímpar da literatura Portuguesa.







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