“I
Lançaste-me então para trás,
eu que poderia ter caminhado com as almas vivas
sobre a terra,
eu que poderia ter dormido entre flores vivas
por fim;então pela tua arrogância
pela tua truculência
fui lançada para trás
para onde o líquen morto escorre
escórias mortas sobre musgo de cinza;então pela tua arrogância
estou por fim despedaçada,
eu que vivi inconsciente,
que fui quase esquecida;se me tivesses deixado esperar
teria crescido da indiferença
para a paz,
se me tivesses deixado repousar com os mortos,
ter-me-ia esquecido de ti
e do passado.”
(“Fim do Tormento”, tradução de Filipe Jarro)
Com uma personalidade controversa e romanticamente instável, assumindo desde cedo a sua bissexualidade, a autora norte-americana que hoje destacamos, no aniversário do seu nascimento, distinguiu-se como poeta, mas também enquanto tradutora de autores clássicos gregos.
Ficou conhecida como a melhor dos poetas imagistas, corrente poética efémera criada por Ezra Pound, e a sua poesia, ficção e outros escritos foram publicados em ambos os lados do Atlântico, tendo recebido a Medalha de Ouro da “Academia Americana das Artes e das Letras”, pouco antes de morrer.
Relacionou-se intensamente com vários escritores famosos da altura e foi Ezra Pound, de quem era amiga desde a infância, que lhe sugeriu que assinasse com as iniciais do seu nome, passando então a ser conhecida como H.D.
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