Z
«As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaroe depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de ventoe depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaçosa tua figura era ao que me lembro da cor do jardim.»
(António Maria Lisboa, in “Ossóptico e Outros Poemas”)
É, com Mário Cesariny de Vasconcelos, um dos principais poetas do surrealismo português. A sua obra é composta pelos livros, «Afixação Proibida» (1949), «Erro Próprio» (1950), «Ossóptico» (1952), «A Verticalidade e a Chave» (1956) e «Exercício sobre o Sono e A Vigília de Alfred Jarry seguido de O senhor Cágado e o Menino» (1958). Em 1980 foi publicado pela Assírio e Alvim um volume com a sua obra completa.
«António Maria Lisboa deixou um obra escassa, mas nem por isso menos fulgurante. Preocupado com uma verdadeira aproximação às culturas exteriores à tão celebrada civilização ocidental, há na sua poesia uma busca incessante de um futuro tão antigo como o passado. Pode, e decerto deve, ser considerado o mais importante poeta surrealista português, pela densidade da sua afirmação e na “direcção desconhecida” para que aponta.» (Mário Cesariny)
Morreu de tuberculose, com apenas 25 anos, mas a sua curta obra constitui indiscutivelmente um marco na literatura portuguesa. Recordamos António Maria Lisboa, quando faria 83 anos.
Bibliografia de António Maria Lisboa
0 Respostas to “António Maria Lisboa”