Jogo
”Eu, sabendo que te amo,
e como as coisas do amor são difíceis,
preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez, uma hipótese
de entendimento. É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.”
(Nuno Júdice, in “A Fonte da Vida”)
É poeta, ensaísta e académico, foi Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e Director do Instituto Camões, em Paris. A sua estreia literária deu-se com ”A Noção de Poema” (1972). Em 1985, receberia o Prémio Pen Clube e o Prémio D. Dinis, da Casa de Mateus, em 1990. Em 1994, a Associação Portuguesa de Escritores distinguiu-o pela publicação de ”Meditação sobre Ruínas”, finalista do Prémio Europeu de Literatura Aristeion. Assinou ainda obras para teatro e traduziu autores como Corneille e Emily Dickinson.
Foi Director da revista literária ”Tabacaria”, editada pela Casa Fernando Pessoa e Comissário para a área da Literatura da representação portuguesa à 49.ª Feira do Livro de Frankfurt. Tem obras traduzidas em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra e França.
No dia em que celebra o seu 62.º aniversário, destacamos e damos os parabéns a Nuno Júdice.
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