Gravo-te no Papel
“Minha mulher, meu altar pagão,
que toco e afago com dedos de luz,
meu bosque viçoso onde hiberno,
sinal neurótico, terno, impúdico,
gravo o teu bafo e o teu corpo no papel
em papel de música pautado.E contra o teu ouvido sussurro horóscopos felizes
e falo-te de viagens à volta do mundo
com paragem na Áustria ou coisa do género.Mas apesar dos deuses e dos signos do Zodíaco
a felicidade eterna também se cansa,
e eu não tenho casa, não tenho cama,
nem flores para te oferecer nos teus anos.”
Foi indicado em várias ocasiões como candidato ao Nobel da Literatura e, em 1998, foi galardoado com o Grande Prémio de Literatura da Comissão Europeia. Quando da publicação do seu primeiro livro, “A Caça aos Patos”, obteve logo uma das mais importantes distinções literárias do seu país, o “Leo J. Krijn Prijs”, bem como o reconhecimento internacional.
Escreveu, depois, uma vasta obra de romancista, que atingiu um dos seus momentos mais altos com a publicação de “O Desgosto da Bélgica”, romance traduzido em praticamente todo o mundo. Para além de romancista, foi também homem de teatro, poeta, cineasta e artista plástico e é hoje considerado uma das figuras cimeiras da cultura europeia.
Morreu num hospital de Antuérpia, aos 78 anos, depois de ter solicitado a eutanásia, por sofrer da doença de Alzheimer. No dia em que faria 82 anos, recordamos Hugo Claus.
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