Um Homem Nunca Chora
«Acreditava naquela historia
do homem que nunca chora.Eu julgava-me um homem.
Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.Agora tremo.
E agora choro.Como um homem treme.
Como chora um homem!»
(José João Craveirinha)
Distinguiu-se como desportista, enquanto praticante e treinador, nas modalidades de atletismo e futebol. Depois foi jornalista, cronista e poeta, no semanário “O Brado Africano”, onde fazia um pouco de tudo e no “Notícias” e na “Tribuna”, entre outros, todos periódicos de Moçambique, tendo escrito sob vários pseudónimos. Veio a ser preso pela polícia política, durante 5 anos, em Lourenço Marques, onde privou com Malangatana, na célebre Cela 1.
É consensualmente considerado o grande poeta de Moçambique e tornou-se, em 1991, o primeiro autor africano a receber o Prémio Camões, o mais importante galardão literário da Língua Portuguesa. Publicou o seu primeiro livro, “Xigubo”, em 1964 e a sua consciência política surge em obras como “O Grito e o Tambor”. “Maria”, o último livro que escreveu, é dedicado à sua mulher, cuja morte prematura em 1979 muito o afectou.
A sua resenha auto-biográfica discorre assim: «Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Pela parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai fiquei José. Aonde? Na Avenida do Zichacha, entre o Alto Mae e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres. Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato. A seguir fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: o seu irmão. E a partir de cada nascimento eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique (…)»
Relembramos “o maior poeta africano de expressão portuguesa”, 8 anos após ter falecido.







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