Se
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa;De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para estes no entanto achar desculpa;Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretencioso;Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires;
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;Se encontrando a Derrota e o Triunfo conseguires
tratar da mesma forma a esses dois impostores;Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste;E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;Se és capaz de arriscar numa só parada
Tudo quando ganhaste em toda a tua vida;E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado tornar ao ponto de partida;De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!
(Rudyard Kipling, tradução de Guilherme de Almeida)
Aqui vos deixamos este famoso poema, para evocar o incontornável e genial autor, considerado o maior “inovador na arte do conto curto”, Nobel da Literatura em 1907, que hoje destacámos, ao cumprirem-se 145 anos do seu nascimento.
Os seus livros para crianças são clássicos da literatura infantil e o seu melhor trabalho dá mostras de um talento narrativo versátil e brilhante. Foi um dos escritores mais populares de Inglaterra, em prosa e poema, no final do século XIX e início do XX. Para Henry James, “Kipling impressiona-me pessoalmente como o mais completo homem de génio (o que difere de inteligência refinada) que eu jamais conheci.”







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