«Como dava beijos lentos, duravam-lhe mais os amores • À morte não a ouvimos, porque já na intimidade da casa anda de chinelos • Olharam-se de janela a janela em dois comboios que iam em direcção opostas, mas tal é a força do amor que logo os dois comboios se puseram a andar para o mesmo lado • Sofá-cama: os sonhos ficam em baixo, a conversa em cima. • Nervosismo da cidade: não conseguir abrir o pacotinho de açúcar para o café. • Escrever é que nos deixem rir e chorar sozinhos. • Na escola, o colega da carteira atrás é quem nos faz a primeir radiografia. • Pôr as peúgas do avesso é ir para trás em vez de ir para a frente. • O primeiro beijo é um roubo. • À tardinha, passa em voo rápido uma pomba que leva a chave para fechar o dia. • A estrela cadente é uma malha que cai na meia da noite.»
Autor precoce (os primeiros textos datam de 1904) e fecundo – os seus livros, de todos os géneros, ultrapassam a centena – torna-se rapidamente célebre, sendo considerado nos anos 20 o mais importante escritor da sua geração. No 122.º aniversário do seu nascimento, relembrámos o escritor espanhol Ramón Gómez de la Serna.
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