Alguns gostam de poesia
“Alguns –
quer dizer que nem todos.
Nem sequer a maior parte mas sim uma minoria.
Não contando as escolas onde se tem que,
e quanto a poetas,
dessas pessoas, em mil, haverá duas.Gostam –
mas gosta-se também de sopa de espaguete,
dos galanteios e da cor azul,
do velho cachecol,
brindar à nossa gente,
fazer festas ao cão.De poesia –
mas que é isso a poesia?
Muitas e vacilantes respostas
já foram dadas à questão.
Por mim não sei e insisto que não sei
e esta insistência é corrimão que me salva.”
(Tradução de Júlio Sousa Gomes)
Ganhadora de inúmeros prémios literários, entre os quais se destacam o Goethe, em 1991, o Herder, em 1995 e, o de maior relevo, o Nobel da Literatura de 1996, destacou-se como poetisa com uma obra que tem como tema as vicissitudes da Polónia moderna.
Viveu primeiro debaixo da ocupação alemã, tendo tido que estudar clandestinamente e vindo a licenciar-se, já no pós-guerra, em Filologia Polaca e Sociologia. Depois, sob o regime comunista imposto pela União Soviética, viu a sua actividade literária condicionada, chegando mesmo a ter o seu primeiro livro censurado. Colaborou ainda em publicações periódicas polacas como editora de poesia e colunista e foi também tradutora de poesia francesa.
A sua extensa obra poética, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada pela Academia de Estocolmo como “uma poesia que, com precisão irónica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana», tendo sido a poetisa definida, ela própria, como “o Mozart da poesia”. Celebramos hoje esta autora polaca, no dia em que perfaz 88 anos.
0 Responses to “Wislawa Szymborska”